6 de setembro de 2009

O DIA DA MARCHA

Na semana passada foi sancionada pelo Presidente da República a lei que cria o dia nacional da Marcha para Jesus. Acredito que devam existir muitos cristãos espalhados por este país festejando a criação dessa lei, dando glórias e aleluias por terem um dia “homologadamente” de Jesus. No afã desse momento histórico, os crentes nem se dão conta desse absurdo que é o homem instituir um dia para Deus.

Para quem não conhece a Marcha para Jesus, é um evento que ocorre uma vez por ano (o dia e mês exato eu não me lembro agora) não somente no Brasil, mas em todo mundo. Não é ligada a nenhuma denominação evangélica específica, sendo promovido pelo povo crente em geral. No Brasil o evento se caracteriza pelo desfile de blocos ou trios elétricos cantando música gospel em todos os ritmos: pagode, axé, reggae, forró, rock, etc. Enquanto as bandas tocam num ritmo frenético, o povo se anima cantando e dançando “ao Senhor”.

Desde que encontrei Jesus (ou que Ele tenha me encontrado) tenho sido um dos que marcham pelas ruas de Aracaju nesse dia, onde teoricamente seria marcado para anunciar que “Jesus Cristo é o Senhor”. Digo que sou um dos que “marcham” para não fugir aqui da nomenclatura proposta; mas, de fato, não é isso que eu faço. Nesse dia, eu caminho devagar quando o ritmo é lento, e um pouco mais rápido quando é agitado; eu corro, quando é preciso encontrar com uma turma que esteja no outro “bloco” ou no outro “trio ungido do Senhor”; quando me canso disso tudo, simplesmente sento no meio-fio e descanso um pouco. Tudo, menos marchar! Isso não é o que eu faço, e também não é o que a maioria dos que participam fazem. Porém, existe uma grande diferença: eu tomo essa postura conscientemente, diferente de muitos, porque entendo que essa marcha proposta nesse evento significa o caminhar de soldados; dentro do contexto, seria como soldados de Cristo marchando para as batalhas espirituais. A minha consciência em fé me diz que, como soldado de Cristo, o local onde devo marchar é no chão da vida. Por chão da vida entenda como os locais onde você vive ou frequenta constantemente. Como soldado de Cristo você está alistado para as batalhas que trava na escola, na faculdade, no local de trabalho e até mesmo dentro da sua própria casa. Na marcha para Jesus, Jesus vai lhe dispensar. O nosso General, que é Cristo, nesse dia Ele libera a sua folga como soldado. É por isso que na Marcha eu não marcho, porque é o dia em que justamente estou de folga.

Muitos podem me perguntar: “E por que, então, você ainda participa?”, e a resposta é: porque até então não tinha nada melhor pra fazer no momento, e porque os meus amigos participam, sendo mais uma oportunidade de estar com eles. Sei que as verdades ditas nesse texto podem por muitos não serem compreendidas. A minha preocupação não está em fazer nenhuma apologia contra a marcha para Jesus, não é criar nenhum movimento pró-contra esse evento, mas o que me move a escrever é a tentativa de despertar os jovens que amam a Jesus para um fato: Nós não vamos levar as pessoas desta cidade, deste estado ou deste país ao encontro de Jesus com movimentos social-religiosos. Temos que ser sal fora do saleiro; movimentos como esse, na melhor das hipóteses, é o sal se remexendo no saleiro. Dessa forma, nada muda. Só levaremos as pessoas a Cristo quando elas enxergarem Cristo em nós; e isso só acontecerá quando o movimento, a revolução e a transformação acontecer dentro de cada um.

O que mais me entristece e ao mesmo tempo me faz rir, é que os propositores dessa lei são pessoas que se dizem conhecedoras do evangelho. Consciente ou inconscientemente estes tais estão revertendo o processo:

“Disse Deus: ‘Haja luz’, e houve luz. Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas. Deus chamou à luz dia, e às trevas chamou noite. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o primeiro dia”.

Será que ainda é preciso concluir depois de termos lido Gênesis 1:3? Deus fez todos os dias para os homens, e os homens agora querem devolver um dia para Deus, como se por eles tivesse sido criado. Isso é muito bizarro. É uma palhaçada. Não quero aqui sair em defesa de Deus, pois Deus já é bem grandinho e sabe se defender. A questão não é essa. Nesse final só estou desabafando, e que me desculpem os que pensam diferente. Em um outro trecho das escrituras, ao falar de Jesus, diz: “Para Ele, por Ele e por meio dEle foram feitas todas as coisas”. Tudo é para Ele, tudo só por causa dEle, tudo através dEle, e ainda querem cantar e contar as “bênçãos” pela aprovação de um feriado pagão em nome de Jesus? Tenha dó, de mim e dos meus filhos que ainda nem nasceram. Espero o dia em que o meu Senhor virá e estabelecerá o seu trono, então todos os homens dirão: “Todos os nossos dias são para Ele, por Ele e por meio dEle!”. Aleluia!

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