24 de janeiro de 2010

Afinal, o que é que você quer mesmo??

Obs: Devido à época em que estamos, acredito ser necessária a republicação desse meu texto. Paz!


A TV estava sintonizada no SBT. Já era final do último filme da série “Matrix”. O agente Smith estava dando uma surra em Neo. Este, já cansado de tanto apanhar, se levantou com muito esforço pra continuar na briga. A humanidade restante, que ainda lutava quase que sem nenhuma chance de vitória, tinha colocado todas as suas últimas esperanças de sobrevivência nele. Apesar de quase não conseguir, Neo ficou de pé, cambaleando, machucado e com rasgos nas roupas. Então o agente Smith começou a questionar seu oponente com perguntas depreciativas, menosprezando os sentimentos humanos que estariam por trás da sua motivação, até que perguntou cheio de dúvidas e muito mais cheio de ódio: “Por quê ainda luta Sr. Anderson?! Por quê continuar?! Não vê que não há mais chances?! Por quê ficar de pé e lutar?! Por quê?!”. Neo olha nos olhos do seu inimigo capital e responde simplesmente: “Porque eu escolhi” (quem quiser ver ou rever a cena:http://www.youtube.com/watch?v=oTP8RvUW4ac)

Aquilo foi um choque, e me marcou. O filme acabou, algumas outras cenas também enfeitaram o final da história, e tudo terminou bem (ao menos pareceu). Mas aquela fala do personagem principal me fez pensar e muito. Mesmo com todas as probabilidades contrárias ao seu sucesso, mesmo com incontáveis inimigos o cercando, mesmo com o enorme peso de garantir a vitória na luta e o fim da guerra, ele se apegou a uma decisão: a escolha de continuar lutando até o fim.

Eu acredito piamente que as coisas de Deus podem ser notadas e captadas em tudo o que vemos e ouvimos ao nosso redor. Nós, que aceitamos a Cristo e somos Seus servos, temos o Espírito Santo habitando em nós, e Ele nos faz atentar para quando Sua voz ou Sua Palavra for pronunciada, independente do lugar ou do momento (como se fosse um radar sempre ligado e pronto pra captar o “sinal” do Espírito). A Palavra nos diz que “Não há linguagem nem fala onde não se ouça a sua voz” (Salmo 19:3), como também afirma que em Cristo todas as coisas subsistem (Colossenses 1:17) e que por meio dEle todas as coisas foram criadas (João 1:3). Se por Cristo todas as coisas foram criadas e sem Ele nada subsiste, logo, podemos encontrá-lo em qualquer lugar, basta sermos sensíveis para percebê-lo. Portanto, com Cristo (ou Deus, tanto faz) não há exclusividade de canal de comunicação: Ele pode falar conosco seja por meio de anjos poderosos (Daniel 10), por meio de uma simples brisa (1Reis 19:11,12) ou mesmo por um filme de Hollywood.

A Palavra de Deus é poderosa pra transformar toda e qualquer pessoa, e o amor do Pai pode trazer bênçãos para uma família inteira por meio de apenas um único integrante. Pode fazer chover, ressuscitar, prosperar. Pode levantar paralíticos, pode libertar dos vícios mais perigosos e persistentes, pode dar uma nova vida; entretanto, tudo isso só se materializa quando damos permissão a Deus para que assim Ele o faça. Isso é realmente incrível: o Dono de tudo precisa da minha permissão para me abençoar! Em Apocalipse 3:20, Jesus diz que precisa da nossa autorização pra entrar em nossos corações e lá fazer morada. Se você quiser e abrir a porta, então Ele entra (Ele não é um soldado da tropa de elite pra arrombar a porta). E o meio de permitir que Deus opere em nossas vidas é muito simples: basta escolher aceitá-lo. Não é necessário questionar como Deus vai fazer pra mudar isso ou aquilo na vida de um alguém tão distante dEle, ou de que jeito Ele vai consertar essa ou aquela situação: apenas decida que Ele terá livre acesso ao seu coração e pronto.

Quem nunca ouviu na nossa igreja quando o pregador pergunta se alguém deseja aceitar Jesus e entregar a vida aos Seus cuidados? É comum ouvir esse convite ao final das mensagens. Muitas pessoas vão diante do altar, levantam suas mãos e repetem a confissão, e, dali em diante se tornam novas criaturas. O problema é que quando a vontade de Deus por meio da Palavra (escrita ou pregada) começa a confrontar algumas práticas ou atitudes reprováveis aos olhos de Deus e claramente divergentes da Bíblia, muitos simplesmente agem como quem não quer seguir a Jesus de verdade, pois não desejam ser iguais ao seu Mestre. O pecado em vez de ser confrontado e tratado pelo Espírito com o aval do convertido, na verdade fica escondido, protegido em algum “achismo” ou costume já solidificado pelo tempo. Em vez de ser lançado fora, ele é acobertado pelo próprio querer da pessoa, que não quer se desfazer de si mesma. Só quer o bônus de ser um(a) discípulo(a), mas o ônus... nem pensar! Isso é um erro tremendo. Jesus, em Lucas 9:23, falou algo que se fosse lido com as devidas entrelinhas seria mais ou menos assim: “Olhe, me seguir não é moleza não viu? Se você quiser, tudo bem. Deixe seu egocentrismo aí no chão, suporte as suas aflições e fraquezas de todos os dias, e então me siga”.

Fico muito triste quando vejo jovens que estão na igreja há tanto tempo, que cresceram ouvindo a Palavra e que toda semana ouvem Deus falando por meio dos pregadores, que nasceram em uma “casa de crentes”, mas que quando chega essa época do ano... mais parece que nunca ouviram nem falar de Jesus algum dia. Shows, e mais shows; festas e mais festas; “pegando e ficando geral”. Outros não “ficam nem pegam geral”, e nem vão para essas festas vazias que sempre surgem, mas ficam com uma vontade danada de ir (e danada no sentido literal), ou seja, o que vêm a dar no mesmo aos olhos do Pai. Aí eu me pergunto se algum dia eles de verdade escolheram seguir a Jesus. O cara do “Matrix” que citei no início do texto apanhou como um condenado, era mais fraco e estava em desvantagem numérica; entretanto ele escolheu ficar de pé e lutar. Não podemos fazer o mesmo? Porque todos nós não escolhemos lutar contra o pecado, resistir aos encantos do mundo, e permanecer firme com Jesus agora nessa época em que a “roupagem de crente” deve ser mais preservada? Será que na hora em que a Armadura deve ser reforçada, polida e vestida (Efésios 6:11,17) é que vamos trocá-la por um abadá de pano fino, que ficará podre com o tempo e que poderá fazer o mesmo com nosso espírito? Acaso nossas escolhas não têm o poder de determinar o rumo que nossa vida terá?

Jovem, não se iluda: Deus coloca diante de você dois caminhos: um caminho de vida e bênçãos, e outro caminho de morte e maldição, do mesmo jeito que fez com os israelenses (Deuteronômio 30:11,20). Cabe tão-somente a você a escolha. Vida ou morte? E aí?

Thyago Gutierres

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