13 de fevereiro de 2010

Chuva no Caminho


Antes de tudo, quero dizer que amo a chuva. Gosto dela caindo no telhado, poeticamente falando; e, principalmente, do banho que ela dá nas plantas, nos animais e na terra. Quero a chuva tanto quanto quero o sol. Porém, aqui a chuva me será como um ente desagradável num primeiro momento, mas apenas para ilustrar a história que será contada.


Estava eu saindo de casa com a minha super-hiper-mega-turbinado-acelerada moto para mais um dia de trabalho, como todos os outros dias da semana, exceto sábados e domingos. Eu ia, e enquanto ia, pensava... Pensava no cansaço da vida que eu mesmo tinha escolhido; nos meus dias sem tempo, sem momentos de distração, na correria desenfreada, nas idas e vindas dos compromissos “infaltáveis”, e só! Era uma sexta-feira, semana acabando, e mesmo assim não conseguia pensar nessa “folga” que eu teria com a chegada do fim de semana, tamanho era o meu enfado e esgotamento; superando, inclusive, a alegria de saber que logo teria descanso.


O dia estava bom; ou seja, sem previsão de chuva. Apenas uma nuvem ao norte, mas que não causava medo aos motoqueiros vindos do sul da cidade. Tomei o rumo da praia e fui por uma estrada que beira o mar. Naquela apatia, sem graça, com cara de limão, ia esse mancebo que acabará de fazer 26 anos de idade. Foi quando então, ela – a chuva, a maior personagem dessa história apareceu. No meio do caminho ela chegou; no meio da história havia a dona Chuva. Ela veio inesperadamente, causando, de início, bastante irritação. Veio, molhou, e se foi sem deixar rastros.


Os primeiros minutos após a chuva foram de irritação, depois foram de reflexão e em seguida de exultação. A irritação veio do fato em si: estava com a camisa molhada e indo em direção ao trabalho, mas trabalhar como desse jeito? Depois que os ânimos foram se arrefecendo e os impulsos naturais diminuindo, a partir daí a mente foi se exercitando no “causo”. “Mas qual foi dessa chuva agora hein?!”, foi a minha primeira indagação. O porquê dessa chuva não prevista e não visualizada, foi o que fiquei a me perguntar. Dessa dúvida começou a brotar na terra fértil (graças a Deus) da minha mente as respostas. Nem tudo tem explicação, e nem em tudo, ou, na verdade, em muitos poucos casos, eu consigo encontrar tal entendimento para os fatos que vou vivenciando. Mas esse eu entendi! Não entendi a chuva, pois dela eu não sei nem mesmo o paradeiro, o que entendi e o que se abriu para a minha compreensão foram as “chuvas” da minha caminhada nesta terra.


Por chuva, a partir de agora, entenda como os alagamentos e as inundações que ocorrem na nossa alma em virtude do excesso de atividades e compromissos diários. A nossa capacidade é limitada, somos seres completamente e em todos os seus sentidos, limitados (mais uma vez, graças a Deus por isso). Essa limitação nos causa medo de não conseguir suportar e nos causa angustia por não saber se vai valer à pena.


Quem sabe que a sua canseira e enfado é apenas uma “chuva” durante a caminha, e que não lhe tira do caminho, mas que faz parte dele... viverá mais e melhor. Essa foi a lição aprendida com a dona Chuva. O caminho é mais longo, o trajeto não termina depois da chuva, ainda tem muito estrada a ser percorrida. Quando você enxergar assim, verá que a chuva molha, mas não lhe atrapalha, pois o vento seca antes que você chegue ao seu destino final. Verá que quando o muito que se tem pra fazer diariamente é extremamente necessário pra sua vida no momento atual, e não apenas um capricho de gente que gosta da expressão “estou muito ocupado!”, será para você como essa chuva que molha, mas que não afeta a pessoa molhada. Será para você não como um peso concedido pelo Diabo, mas como dádiva que vem do alto, daquele que nos ensina para ter sempre bom ânimo, mesmo que a aflição nos sobrevenha.


Quando a compreensão recheada de esperança na Palavra Viva chega até nós, só nos resta celebrar ao Deus de toda Consolação. Quando a chuva vem, enquanto cremos assim, ela não nos irrita, ainda que molhe; mas trás consigo regozijo sem fim, sabendo que toda chuva será sempre benção, se a nossa morada não estiver construída em qualquer encosta ou barranco, mas se os nossos alicerces estiverem na Rocha, se a nossa morada estiver no Altíssimo, e no Senhor a nossa habitação.

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